Situada no concelho de Santa Cruz, na Ilha da Madeira, a Freguesia de Gaula dista cerca de 4 quilómetros da sede concelhia e tem por orago Nossa Senhora da Luz.
O topónimo “Gaula” provém das novelas da Idade Média, inseridas no Ciclo Bretão, “O Amadis de Gaula” e “A Demanda do Santo Graal”, em que, tanto numa como noutra, o protagonista é Lançarote, o Amadis de Gaula, o mesmo é dizer o Senhor ou o Príncipe da Gaula, lendária novela da cavalaria.
O quarto filho de Tristão Vaz Teixeira, primeiro capitão-donatário da Capitania de Machico, doou a seu filho Lançarote Teixeira, entre outras, as terras situadas entre a Lombada da Boaventura e a Ribeira do Porto Novo, às quais foi atribuído o topónimo de “As Terras de Gaula”, por influência de Lançarote, o Amadis de Gaula, que servia de inspiração a Lançarote Teixeira nas suas representações, nas principais festas de Machico. Nestas imitações, Lançarote montava o seu cavalo de esporas douradas, frente aos seus sessenta cavaleiros, tal como os cento e vinte cavaleiros do Rei Artur, dos quais o Amadis fora o mais notável, pois o rei confio-lhe a missão de comandar os seus doze pares, designados os “Doze Cavaleiros da Távola Redonda”, que foram na “Demanda do Santo Graal”.
O povoamento de gaula iniciou-se cerca de 1460 e foi instituída como capelania de Santa Maria de Gaula por alvará de D. Manuel I, de 13 de Setembro de 1509; em 1515, Gaula transitou do concelho de Machico para o de Santa Cruz.
Gaula foi terra de grandes famílias senhoriais que hoje se espelham no património, como é o caso do solar setecentista que até 1863, foi sede do Morgado de S. João de Latrão, um dos mais importantes morgados desta terra.
A freguesia de Gaula, conhecida popularmente como a terra do Amadis ou como a terra dos doutores, é também uma terra de escritores e poetas, entre os quais ressaltam os nomes de Padre Alfredo, que editou obras como “Céu de Estrelas”, “Pétalas ao Vento”, “Flores do Tempo”, entre muitas outras; José Lourenço de Gouveia e Freitas, que publicou “Gaula, terra de francomaçons”, “A batalha das voltas do Porto Novo”, Clemente Tavares, que sob o pseudónimo de «Visconde das Águas Mansas», escreveu “As Cordas da Minha Guitarra” e “Cantigas ao Meu Amor” e Alfredo Vieira de Freitas que publicou “Amadis de Gaula – Gaula do Amadis”.
Ressaltam no património cultural e edificado da freguesia de Gaula, além do já referido: os moinhos de água , estando grande parte deles concentrados no Sítio da Contenda e fazenda e que caracterizam bem a fase moageira pela qual passou a Madeira; os fontanários, a Igreja Matriz, a Igreja de Nossa Senhora da Graça; o Solar e Capela S. João Latrão, e o Externato S. Francisco de Sales. Como locais de interesse turístico, destacam-se os miradouros da Achada de Gaula e da Praia das Fontes em S. João, a Levada e Vereda dos Tornos, para além da orla litoral e toda a beleza paisagística.
Gaula é uma freguesia essencialmente agrícola, sendo determinante para a economia local, além da agricultura, a indústria de preparação e vendas de aves, a indústria conserveira de peixe, a floricultura e horticultura, as carpintarias e serrações de madeira, a serralharia civil, a panificação, o comércio geral, os serviços e o turismo, englobando este o ecoturismo e o turismo rural.
Na gastronomia, destacam-se como principais pratos típicos, o bolo de milho cozido na folha de couve e os doces e licores de amora.